quarta-feira, 14 de agosto de 2013

[Blog do Ciro] ® : Análise do livro “O Nome de Jesus” (1)

Análise do livro “O Nome de Jesus” (1)



Ouço com freqüência irmãos dizendo: “Li o livro O Nome de Jesus, de Kenneth Hagin, e ele mudou a minha vida”. E eu fico pensando: “Meu Deus! Mudou em quê a vida desses irmãos? O que de tão especial eles devem ter aprendido?”

Bem, a fim de contribuir para um maior entendimento da teologia de Kenneth Hagin, apresento-lhes uma análise, em algumas partes, da obra O Nome de Jesus (editada pela Graça Editorial), capítulo por capítulo (29, ao todo).

Nesta primeira parte analisarei o prefácio e os primeiros seis capítulos da obra.

Prefácio

Logo no prefácio da obra Hagin afirma, referindo-se a um livro de E.W. Kenyon: “Aconselho você a adquirir um exemplar deste livro. É conhecimento pela revelação. É a Palavra de Deus” (p.7). Que credibilidade tem um autor que sequer reconhece que a Bíblia é único livro que pode ser considerado “a Palavra de Deus”? Outras obras podem conter a Palavra, mas só a Bíblia é a Palavra de Deus (2 Tm 3.16,17; 2 Pe 1.20,21).

Ainda no prefácio Hagin descreve como foi a morte de Kenyon: “Foi para o lar segundo a maneira bíblica, sem doença nem enfermidade” (p.9). Se a maneira bíblica de partir para a eternidade é sem doença ou enfermidade, o que dizer de Eliseu (para citar apenas uma referência bíblica), acerca do qual está escrito, em 2 Reis 13.14: “E Eliseu estava doente da sua doença de que morreu”?

Capítulo 1 — O Nome de Jesus

Neste capítulo, Hagin afirma: “Acrescentamos algo que Jesus não disse. Adicionamos outra coisa: ‘Deus fará, se fora a sua vontade — mas pode não ser a sua vontade’, temos dito. Não se acha este tipo de conversa no Novo Testamento” (p.13). Parece-me que Hagin, ou nunca leu a Bíblia toda, ou simplesmente ignorou o que está escrito em Mateus 6.10 e Lucas 22.42.

Hagin também assevera, falando da oração: “Não orei uma só oração em 45 anos sem obter uma resposta. Sempre recebi uma resposta — e a resposta foi sempre “sim”. Algumas pessoas dizem: Deus sempre responde às orações. Às vezes diz: ‘Sim’, e às vezes diz: ‘Não’. Nunca li isto na Bíblia. Trata-se apenas de raciocínio humano” (p.14). Mais uma vez me parece que, ou Hagin nunca leu toda a Bíblia, ou simplesmente ignorou parte dela. Quais foram as respostas de Deus a Davi, em 2 Samuel 5.23 e 7.1-13; ao Senhor Jesus, em Lucas 22.42,43; e a Paulo, em Atos 16.8,9 e 2 Coríntios 12.8-10? Não.

Capítulo 2 — O Nome Mais Excelente: Como Surgiu

Este capítulo só tem uma página, praticamente. E Hagin, em vez de dar ênfase ao nome de Jesus, mostra como nós podemos ter um grande nome! “Kenyon diz que os homens obtêm nomes grandiosos de três maneiras...” (p.21). Nota-se claramente que o objetivo de Hagin não é enaltecer o Nome que é sobre todos os nomes (Fp 2.6-11), e sim mostrar que o crente, pela fé, a exemplo do Homem Jesus, pode conquistar um grandioso nome. Sem comentários.

Capítulo 3 — Por Herança

É neste capítulo que Hagin afirma, com todas as letras, e de modo blasfemo, que o Senhor Jesus morreu espiritualmente, assumiu a natureza de Satanás na cruz e foi torturado por demônios no Inferno, onde “... satisfez as reivindicações da Justiça para todos nós, individualmente, porque Ele morreu como nosso substituto” (p.28). Para que eu não seja repetitivo, veja a refutação desse capítulo no artigo O que há de errado com a teologia de Kenneth Hagin em: http://cirozibordi.blogspot.com/2008/06/o-que-h-de-errado-com-teologia-de.html.

Capítulo 4 — Por Doação

Neste capítulo, Hagin conta algumas experiências pessoais. E, ao final, declara, falando da “conversão” de seu irmão: “Eu sabia que este Nome funcionava! Eu disse: ‘Em Nome de Jesus! Em Nome de Jesus! Em Nome de Jesus, quebro o poder do diabo sobre a vida do meu irmão Dub. Reivindico a sua libertação. Reivindico a sua salvação. Para mim, isto decidiu a questão. Dentro de 10 dias, ele nasceu de novo (...) Não funcionará para você, porém, até que você consiga a revelação disto” (pp.32,33). Vemos aqui com quem os “missionários”, “bispos” e “apóstolos” da atualidade aprenderam a determinar, exigir, reivindicar...

Ora, o Senhor Jesus não ensina ninguém a reivindicar, e sim a pedir (Mt 7.7,8; Jo 14.13). Ademais, a salvação de alguém não depende, necessariamente, de nossa oração. É preciso que haja arrependimento, confissão de pecados, fé na obra realizada pelo Senhor Jesus, por parte da pessoa. Isso é uma decisão individual, pessoal (Rm 10.9,10,17; Jo 3.16; At 2.38; 3.19; Pv 29.1). Como poderíamos reivindicar a salvação de alguém? Mas observe que Hagin, a fim de se salvaguardar, afirma que essas “palavras mágicas” só funcionam para os que têm a revelação!

Capítulo 5 — Por Conquista

Hagin afirma: “Jesus enfrentou Satanás e suas legiões no próprio território deles, e os venceu” (p.36). A sua falta de conhecimento chega a ser surpreendente, em alguns momentos. Primeiro, como já vimos, Hagin tenta provar que Jesus venceu o Diabo e seus agentes nos fundos do Inferno! E agora sugere que Satanás e todos os seus demônios habitam o Inferno, ignorando que a própria Palavra de Deus mostra que o Inimigo é o príncipe das potestades do ar (Ef 2.2) e que seus agentes povoam as regiões celestiais (Ef 6.12; Gl 1.8).

Neste capítulo Hagin também enfatiza a falaciosa confissão positiva. Diz ele que, mesmo que uma pessoa esteja sentindo uma dor, ela não deve aceitar isso (pp.38,39). Ora, sabemos que isso não é uma doutrina nova, revelada a Kenyon, Hagin e seus seguidores. O pensamento e a confissão positivos são ensinados pelo budismo, pelas seitas orientais e pela chamada Ciência Cristã.

Se essa fórmula “mágica” funciona mesmo, por que tantos crentes (inclusive seguidores de Hagin) morrem de câncer ou de outras doenças? As pessoas que morrem, mesmo seguindo à confissão positiva, devem continuar dizendo, na eternidade: “Eu não tenho câncer”? Ora, todos nós, se o Senhor Jesus não voltar enquanto estivermos vivos, teremos de morrer (Sl 90.10; 1 Pe 1.23,24).

Por isso, é bom não abraçarmos o triunfalismo (ou positivismo) para não nos decepcionarmos depois. Aliás, para quem não sabe, Kenneth Hagin, que afirmava não ter sequer dores de cabeça, de vez em quando, morreu em 2003... Ah, e também um certo telemissionário, mesmo dizendo que todas as enfermidades vêm do Diabo, recentemente teve de passar por uma pequena cirurgia nos Estados Unidos...

Capítulo 6 — Autoridade no Nome

O que mais me chamou a atenção neste capítulo foi a citação que Hagin faz de E.W. Kenyon: “Se a nossa mente pudesse compreender o fato de que Satanás está paralisado, despojado da sua armadura pelo Senhor Jesus, e que a doença e a enfermidade são servas deste Homem; que, ao som da Sua voz, elas devem ir embora, seria fácil viver neste Âmbito da Ressurreição” (p.47).

É claro que, em nome de Jesus, os seus servos podem expulsar os demônios (Mc 16.17,18). No entanto, o Diabo não está paralisado. Ele age no mundo (2 Co 4.4) e opõe-se ao povo de Deus (Ap 2.10; 2 Co 2.11; 1 Ts 2.18). E, apesar de já ter sido julgado (Jo 16.11), ainda não foi esmagado debaixo de nossos pés (Rm 16.20; Ap 20.1-3,10). Por isso, a nossa postura deve ser de resistência — mediante as armas que recebemos de Deus (Mt 4.1-11; 2 Co 10.4,5; Ef 6.10-18; 1 Pe 5.8,9), sujeitando-nos ao Senhor (Tg 4.7) —, e não mediante palavras de ordem ou ofensas ao Inimigo (Jd v.9).

Em tempo: nas minhas obras Erros que os Pregadores Devem Evitar e MAIS Erros que os Pregadores Devem Evitar analiso, de modo abrangente, os pontos controversos da teologia de Kenneth Hagin.

(Continua...)

Ciro Sanches Zibordi

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