ATÉ O DIABO TEM VERSÍCULOS BÍBLICOS PREFERIDOS! E NOSSA
GERAÇÃO?
Publicado por Pr. Elias Ribas em 19 julho 2013 às 17:46 em
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Qual é o verso
preferido da Bíblia de nossa geração? Qual o texto preferido do mundo e de
muitos cristãos de nossos dias? Ele fala sobre a santidade de Deus? Sobre o
pecado? Sobre o verdadeiro arrependimento? Sobre a ira de Deus? Sobre a
condenação no inferno?...
O mundo e muitos cristãos podem conhecer muito pouco ou
praticamente nada da Bíblia, mas tão certo como o sol nasceu hoje, eles podem
citar sem dificuldades Mateus 7.1: “Não julgueis para que não sejais julgados”
– E ironicamente, como não podia deixar de ser, o versículo que nossa cultura e
grande parte dos cristãos, por estarem completamente aliados a ela mais gostam,
eles menos entendem.
Esta é a passagem bíblica mais abusada e mal compreendida...
é óbvio que por uma conveniência que despreza Deus. Nada é tão mal aplicado
como essa passagem. O mundo, a cultura, cristãos... a usam para denunciar todo
e qualquer um que se aventure a criticar ou expor os pecados, falhas ou
aberrações do coração caído que se deleite em tudo que Deus despreza. Jamais se
atreva a falar mal do homossexualismo, adultério, fofoca, mundanismo, alteração
do imposto de renda, aborto, a condenação de qualquer um que não está em Cristo
nos termos bíblicos... e assim por diante... sem estar certo de você vai estar
sobre a ira da multidão do mundo e da “igreja” que se convenceram de que Jesus,
a quem eles desprezam e rejeitam – (pelo menos o Jesus real que diz: “Aquele
que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama...” – João
14.21) - disse que não devemos julgar
uns aos outros.
Isto acontece por que? Por que este é o texto que está na
boca de todos? Acontece pelo fato de que as pessoas ODEIAM absolutos,
especialmente absolutos morais. Dizer que existe diferença absoluta entre o bem
e o mal, a verdade e o erro... é o caminho para ser chamado de Medieval, mente
fechada, fundamentalista... e hoje nada mais é temido, mesmo por pessoas que
dizem serem pregadores da verdade absoluta de Deus. Ser dogmático é o maior
temor dos que querem ser vistos como “relevantes” por uma sociedade que
abandonou Deus e que foi abandonada por Ele:
“Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória
do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves,
e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso também Deus os entregou às
concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos
entre si; Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais
a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.” - Romanos
1:22-25
O diagnóstico que flui dos problemas tratados por Paulo em
Corinto, por exemplo, é exatamente o oposto do diagnóstico que é feito hoje.
“Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido
dentre vós tirado quem cometeu tal ação.” - 1 Coríntios 5:2
Hoje, quando a disciplina não acontece o diagnóstico muitas
vezes é que somos muito humildes para julgar e disciplinar uma pessoa: Quem
somos nós para apontar o dedo? Quem somos nós para julgar? Quem somos nós para
atirar a primeira pedra? E assim uma suposta humildade é construída na base da
tolerância a imoralidade impenitente.
Por outro lado, hoje, se uma igreja seguir na aplicação da
disciplina é muitas vezes diagnosticada como agindo direto com orgulho
farisaico. Indignação com o pecado é muitas vezes retratada como um disfarce
para a insegurança e um véu sobre suas tentações sexuais dos fariseus. Um tipo
de atitude "mais santo do que tu" é dito ser a base da indignação
e a arrogância é dita ser a base da
disciplina e exclusão.
Mas quando você lê este versículo 2, o diagnóstico de Paulo
sobre o problema em Corinto era exatamente o oposto. Não, a arrogância foi a
base da tolerância e a humildade de coração partido deveria ter sido a base da
excomunhão.
Ele disse: "Vocês se tornaram arrogantes." As pessoas
na igreja estavam se vangloriando desta imoralidade. Agora, como pode ser isso?
Que tipo de teologia daria origem a jactância na imoralidade? Temos visto isso
nas cartas de Paulo em outros lugares. Ele diz: "E por que não dizemos
(como somos blasfemados, e como alguns dizem que dizemos): Façamos males, para
que venham bens? A condenação desses é justa” - Romanos 3:8 – “Que diremos
pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?” - Romanos 6:1
Então, é uma teologia que não entende o poder da graça e a
transforma em licença para a vida mundana. É uma teologia que não entende a
liberdade e usa-o como "uma oportunidade para a carne" ( Gal. 5:13 ),
e diz (como diziam em Corinto) "todas as coisas me são lícitas" ( 1
Co 6:12. , 10:23 ). E assim eles estavam se gabando de sua liberdade e
tolerância que anula a graça. Orgulho disfarçado de humildade aqui foi a base
da tolerância pecaminosa e não o julgamento farisaico.
Neste mesmo lugar ficamos tendo nos tornado espelho da nossa
cultura. Ser chamado de mente fechada é
a maior dor imaginável para aqueles que querem se abraçados pela cultura! Em
suma, para a vastíssima maioria em nossos dias o único inimigo é o homem que
não está aberto para tudo.
Que Jesus de forma nenhuma nos proíbe de expressar claramente
a opinião, declaração bíblica sobre o certo e errado, o bem e o mal, a verdade
e a falsidade... pode ser demonstrado observando dois fatores simples – o
contexto imediato do texto ( Mateus 7.1) e todo o ensinamento do Novo
Testamento sobre julgar.
Praticamente todo o Sermão do Monte, antes e depois do texto
mencionado, baseia-se no pressuposto básico de que devemos usar nosso poderes
críticos instruídos pela Verdade de Deus para fazer julgamentos morais, éticos,
lógicos... Jesus disse para os cristãos serem completamente diferentes do mundo
que os cerca, para buscar a justiça que excede a dos fariseus, fazer tudo com
motivações completamente diferente do mundo ao redor, ou seja, completamente
centrados na glória de Deus e não no homem, evitar ser como os hipócritas
quando damos, oramos, jejuamos...
E logo depois da exortação de Mateus 7.1, Jesus diz para não
dar o que é santo aos cães ou pérolas aos porcos, nos guardar dos falsos
profetas... É óbvio que seria impossível
obedecer a esses mandamentos sem usar o julgamento crítico que flui das
definições bíblicas sobre a vida. Só podemos, é claro, obedecer a esses
mandamentos e determinar nosso comportamento em relação aos “cães”, “porcos”,
“falsos profetas”, “mundo”... se usarmos um julgamento crítico conduzido pela
verdade sobre todas essas coisas.
Quando esquecemos tudo isso começamos a citar versos
bíblicos como o diabo citou diante de Cristo na tentação no deserto. Por isso a
Bíblia está cheia de mandamentos para fazermos julgamentos:
“Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de
Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao
Pai como ao Filho. Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o
recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas
suas más obras.” – 2 João 9-11
“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre
ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; Mas, se não te ouvir, leva
ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a
palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também
não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano.” - Mateus
18:15-17
“E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e
escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais
não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves
palavras e lisonjas enganam os corações dos simples.” - Romanos 16:17-18
“Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no
espírito, já determinei, como se estivesse presente, que o que tal ato
praticou...” - 1 Coríntios 5:3
“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie
outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” - Gálatas
1:8
“Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros,
guardai-vos da circuncisão” - Filipenses 3:2
“Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação,
evita-o, Sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo
condenado.” - Tito 3:10-11
“Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os
espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no
mundo.” - 1 João 4:1
“Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter
entre eles o primado, não nos recebe. Por isso, se eu for, trarei à memória as
obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente
com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança
fora da igreja.” - 3 João 1:9-10
Agora, devíamos olhar especialmente para João 7.24 – onde o
próprio Jesus diz: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta
justiça.” - João 7:24
O que é, então, que Jesus quis dizer em Mateus 7:1-6 ?
Parece que Jesus está proibindo o tipo de crítica julgamento
que é hipócrita, que nos torna apenas farejadores de falhas, destrutivos,
amargos... Ele está proibindo o tipo de julgamento que fazemos aos outros não
por preocupação com sua saúde e bem-estar espiritual, mas unicamente para
desfilar nossa suposta justiça diante dos homens.
Não devemos julgar os outros como um meio de
auto-justificação. Algo comum – ao apontar o erro de pastores ou da igreja, por
exemplo, tento justificar minha falta de compromisso com o corpo de Cristo.
Tento usar o erro dos outros para justificar minha falta de submissão...
denuncio apenas pecados externos e visíveis como roubo, assassinato, injustiça social... para
minimizar os internos como amargura, ciúme, luxúria... Essa forma de julgamento
nada mais é do que auto-justificação.
Em Mateus 7.6 Jesus aponta para o perigo oposto: “Não deis
aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não
aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem.” – Ele aqui
aponta para o perigo de sermos homens indulgentes e sem discernimento num mundo
que despreza completamente Deus. Pensando em amar os nossos inimigos, andar a
milha extra e não fazer julgamentos injustamente... corremos o grande perigo de nos tornarmos insossos, não mais
sal e luz, não fazer mais distinções essenciais entre o certo e o errado, a
verdade e a falsidade, a luz e as trevas, o viver santo e a impiedade, o ser
igreja ou ser o mundo debaixo da ira de Deus.